Querida leitora, gosto demais de um blog que fala sobre maternidade e dele extraí o texto abaixo. Reflita nas considerações trazidas por ele e leia outros artigos clicando no link abaixo:
Cerca de 2 meses atrás, assisti a um documentário de 2008 chamado Inverno Demográfico - o declínio da família humana. Ele me deixou perplexa e me fez refletir sobre alguns dos impactos negativos que os avanços do feminismo e a constante desvalorização da maternidade em nossa sociedade (em detrimento de outras carreiras consideradas superiores) têm sobre todos nós - mulheres e homens. Não quero atacar os movimentos feministas em si e nem ignorar as conquistas positivas que eles nos trouxeram, mas hoje quero falar um pouco sobre o que este filme em particular trata - resumindo os pontos-chaves - e compartilhar brevemente a minha própria opinião e experiência sobre este tão delicado assunto em nossa sociedade.
No documentário, peritos e
acadêmicos de diferentes países e diversas áreas de estudo - dentre eles
demógrafos, sociólogos, economistas, parlamentares, psicólogos, para citar
alguns - apresentam e alertam para um fenômeno conhecido como "inverno
demográfico", que é a sensível queda na taxa de natalidade e consequente
envelhecimento da população de determinados países.
Esse fenômeno é o resultado da
combinação de uma série de fatores (que sintetizo logo abaixo) e o paradoxo é
que, paralelamente a tecnologia e conhecimento da medicina terem avançado a
passos largos e aumentado em muitos anos a expectativa de vida da população,
cada vez mais a taxa de natalidade desses países ricos decresce e a população
envelhece. Dentre eles estão muitos países da Europa, o Japão e até os Estados
Unidos, para citar apenas alguns. O filme não fala especificamente sobre o
Brasil, mas eu vejo que com os avanços econômicos dos últimos anos estamos
nitidamente caminhando na mesma direção. Inclusive, depois que assistimos ao
documentário, meu marido foi consultar o site do IBGE e ficou surpreso ao ver
as estatísticas - a figura abaixo ele publicou no facebook. Notem como de 30
anos para cá, a população de 0 a 14 anos diminui e continua diminuindo.
Acompanhe as linhas do ibge de 0 a 15 anos, todas elas estão descendo! Isso significa que a população está aumentando, mas não porque nasce muita gente é porque estamos morrendo mais tarde. |
Adam Smith, o pai da economia
moderna que viveu no século 18, já associava crescimento populacional à
prosperidade e declínio populacional à depressão. No entanto, o que se observa
na atualidade é que com maior prosperidade, as pessoas tendem a ter menos
filhos. Curioso, não? O resultado é que quando, ano após ano, a taxa de
natalidade de um país fica inferior à taxa de reposição populacional (que é 2,1
filhos por mulher), a população não é reposta e o país regride economicamente
em vez de crescer.
Dentre as muitas preocupações, a
mais fácil de se compreender é que com uma população envelhecida, vivendo anos
e anos sem trabalhar e usufruindo do benefício da aposentadoria - uma vez que a
expectativa de vida só tem crescido - como ficará a situação da nova geração de
jovens economicamente ativos que terá de trabalhar para pagar os impostos
necessários para manter o sistema funcionando? A bomba da previdência e custos
com a saúde é apenas um dos aspectos alarmantes do fenômeno do "inverno
demográfico", outro é a forma como as crianças de hoje estão sendo
educadas (sem a presença dos pais e, sobretudo, da mãe que passa o dia todo
fora de casa) e como isso afeta não somente seu desenvolvimento emocional e
cognitivo como também seu comportamento ao longo da vida.
Além de apresentar as terríveis
consequências do "inverno demográfico", o filme se propõe a analisar
o que considera as 5 principais causas deste fenômeno. E é nelas que desejo
focar.
Veja quais são:
AS CAUSAS DO INVERNO DEMOGRÁFICO
1. Mulheres no mercado de trabalho.
Crescente valor do tempo de mães instruídas e que
trabalham fora. Quanto mais bem sucedidas as mulheres se tornam no mercado de
trabalho antes de terem filhos, mais altos os custos para abrirem mão dele
quando têm filhos. Nos EUA, por exemplo, as mulheres terem um nível educacional
maior do que os homens já é uma realidade.
2. Maior prosperidade.
Há mais dinheiro para ser gasto, é verdade, mas há
também maiores aspirações na vida. Como sociedade desejamos mais bens e serviços
para nós mesmos e também para os nossos filhos. Ter maior poder aquisitivo não
significa apenas que podemos comprar mais com o nosso dinheiro, mas que
preferimos nos isolar em vez de viver em grupo (comunidade). Por isso um
pensamento muito comum entre casais jovens de hoje em dia é ter menos filhos
para poder investir mais (financeiramente) na vida de cada um deles.
3. Revolução sexual.
Estudiosos concordam que a revolução sexual foi o
evento mais marcante do século 20 e da história moderna. Com os direitos iguais
entre homem e mulher e o controle da natalidade, não foi somente o
comportamento das pessoas que mudou, a família também mudou... enfim, o mundo
todo mudou! E mudou de forma tão profunda que afetou drasticamente as escolhas
que as pessoas fazem com relação a sexo, casamento, filhos e trabalho. Um
impacto dessa mudança de comportamento, por exemplo, é que o uso da pílula
anticoncepcional diminuiu em 70% a gravidez indesejada entre mulheres casadas.
Outro impacto - pouco discutido atualmente, inclusive - é o número crescente de
casais amasiados (pessoas que moram juntas mas que não são casadas). Casais que
moram junto tendem a ter menos filhos do que casais casados no papel - e essa
experiência também retarda a idade em que as pessoas se casam pra ter filhos.
Uma das maiores causas para a baixa fertilidade de um país é as pessoas terem
filhos cada vez mais velhas.
4. Reforma na lei dos divórcios.
Pesquisas sugerem que a reforma nas leis
concernentes ao divórcio resultou num aumento de cerca de 20% de divórcios nos
EUA. O risco de que o casamento se desfaça de uma hora para outra (sem um
motivo real já que a nova lei facilita a separação) diminui as chances do casal
de ter outro filho uma vez que nem o marido ou a esposa tem qualquer garantia de
que o cônjuge permanecerá no lar no ano seguinte.
5. Suposições incorretas.
Previsões alarmantes de superpopulação na década de
1970 em que se perguntava se haveria falta de comida no planeta para alimentar
uma população que no último século havia quadruplicado. No maior período de
crescimento populacional na história humana, a comida se tornou mais barata e
abundante. O preço (ajustado internacionalmente) do arroz, trigo e milho caiu
em cerca de 70% durante esse período. Essas concepções falsas foram popularizadas
por pessoas que não entendiam de demografia.
Conclusão:
Enquanto sociedade, não gostamos de falar sobre as
causas do "inverno demográfico" porque não queremos ofender ninguém.
Certamente nenhuma dessas causas pode ser contornada facilmente, porém elas
apontam para o que somos e o que nos tornamos nesse período pós-moderno!
MINHA
REFLEXÃO SOBRE A DESVALORIZAÇÃO DA MATERNIDADE
Quando me tornei mãe, muitos dos
meus pensamentos com relação à maternidade mudaram radicalmente. Este processo
foi e ainda é doloroso porque romper com o que é tão fortemente valorizado pela
sociedade (e por você mesmo) está longe de ser algo simples. A gente rema
contra a maré e recebe muitas críticas (a maioria velada), mas não julgo
ninguém por isso porque alguns anos atrás eu mesmo pensava exatamente igual!
Quando ouvia dizer de alguma mulher que havia largado o emprego pra ficar em
casa criando os filhos, no meu íntimo julgava-a como sendo fraca e
completamente retrógrada, imaginando que um dia ela se arrependeria - afinal,
como a gente ouve tanto, "a gente se sacrifica pelos filhos, mas eles não
dão valor". E vejo hoje como isso é e foi resultado daquilo reforçado pela
sociedade o tempo todo de muitas e variadas formas - dentre elas, exemplos de
pessoas reais, de pessoas fictícias, de comentários que a gente ouve por aí,
daquilo que é idealizado nas propagandas de TV, nos filmes, enfim, são inúmeros
os meios. Para ilustrar com um caso real, recentemente ouvi uma pessoa que
pretende casar dizer a seguinte frase sobre a futura noiva e os filhos que um
dia terão: "Não, coitada, quero que ela trabalhe sim. Já pensou fulana
ficar o dia todo presa dentro de casa cuidando de criança?".
Somos bombardeadas com mensagens
que insinuam que uma mulher só é bem sucedida se for reconhecida
profissionalmente. E como maternidade não é uma profissão, bem... então o jeito
é ter pelo menos um filho para se realizar como pessoa (porque há toda uma aura
em cima disso também) e depois pagar alguém para cuidar dele pra nós (não sem
ser aterrorizada por culpa, é verdade). E, assim, terceirizamos a educação dos
nossos bens mais preciosos porque acreditamos que, sendo muito mais capacitadas
do que os homens (e nos orgulhamos disso), nós mulheres precisamos sair pra
realizar outras conquistas "maiores e melhores".
Tudo bem, posso estar
exagerando, sei que não é todo mundo que pensa assim - pelo menos não
conscientemente - e sei também que muitas mulheres não têm opção e precisam
trabalhar para sustentar ou complementar a renda em casa. Mas a verdade
inegável e o meu ponto principal é que em nossa sociedade pós-moderna a
maternidade está cada vez menos valorizada. E o resultado disso é desastroso!
Por favor, antes que você fique
brava comigo, entenda que não estou dizendo que sou contra a mulher estudar ou
trabalhar fora, está bem? Muito pelo contrário - acho importante e muito válido
que a mulher faça faculdade, trabalhe, mesmo porque para ela ser uma boa mãe
acredito que ela precisa ser uma ótima profissional e, claro, uma pessoa
esclarecida! Caso contrário, como ela administrará bem a própria casa?
Aliás, há uma outra propaganda
negativa muito forte que na minha opinião depõe contra a maternidade. Os casos
de mulheres que ficam em casa com os filhos geralmente não são nada
encorajadores. Normalmente, a gente imagina uma mulher acima do peso,
totalmente descabelada, com as unhas feias, mal-vestida, na maioria das vezes
desinformada ou alienada, e estressada que grita o dia todo com os filhos. Na
boa... quem se inspira com um modelo de mãe assim? Eu prefiro a mãe em forma,
vestida de terninho, criativa, com unhas impecáveis, maquiagem e cabelo
penteado que a gente vê nas cenas de filme! Haha! Você não? Mas eu acredito que
esses modelos estão equivocados e por isso este blog existe - para servir de
inspiração para outras mamães que entendem que seu papel é muito mais do que
apenas dar à luz aos filhos. E para que elas saibam que podem priorizar a
família (como Deus quer) sem deixar de lado outros papeis na vida.
A maternidade não precisa ser um
martírio. Educar os próprios filhos é uma bênção de valor e resultados
INCALCULÁVEIS! Antes de ter filhos, eu acreditava que nunca seria como as
mulheres que largam a carreira para ficar com o filho em casa. Mas quando
chegou a minha vez, engoli meu próprio orgulho e admiti que eu não poderia
deixar para outro fazer o que é minha responsabilidade: educar minha filha.
Como mãe de um recém-nascido, a gente enfrenta muita culpa e sentimentos
ambíguos sobre o que é mais importante para o nosso filho e família naquele
momento. Penso que não somos suficientemente preparadas para a maternidade,
infelizmente. Aliás, somos induzidas a pensar que "ser mãe" é apenas
mais uma das muitas realizações pessoais que devemos buscar para sermos pessoas
felizes, completas e bem-sucedidas.
Hoje eu não acredito que este
seja o propósito final da maternidade. Acho que ser mãe apenas para se realizar
pessoalmente, sem entender o propósito de Deus para a família, é errar o alvo.
Sabia que o impacto que você faz
na vida do seu filho - seja ele positivo ou negativo - vai perdurar por muitas
e muitas gerações, alcançando pessoas da sua descendência (mas não somente
elas) quando você não mais existir? Uau, seus filhos fazem parte do seu legado!
Eles são o seu bem mais precioso. E como mulher você tem o dom de gerar, mas
não somente isso, tem o dom e o chamado de educá-los para a vida, de ensiná-los
no caminho em que devem andar, de pastorear seus corações, de apontá-los para
Cristo e de, como flechas na mão do guerreiro (Salmo 127:4), enviá-los para
cumprir a missão de Deus para eles nesta Terra. Claro que tudo isso com apoio e
ajuda do maridão e também com uma boa dose de conhecimento. Há tantos livros e
materiais recheados de conteúdos práticos e relevantes para quem quer alcançar
o coração dos filhos, estabelecer uma rotina saudável no lar, ajudá-los a
desenvolver suas capacidades inatas e educar à maneira de Deus! É só pesquisar
um pouquinho que você encontra muita coisa boa.
O fato é que os primeiros anos
de vida são os mais importantes para a formação do caráter de uma pessoa e
também é o período em que se formam os laços afetivos mais fortes dela. Eu temo
pela atual e futuras gerações de crianças criadas em creches e escolas de
período integral. Que mensagens elas recebem? Que visão de mundo elas terão? Que
valores serão impregnados em suas mentes e corações?
Sei que Deus pode restaurar e
curar tudo no futuro, mas isso não nos exime da nossa responsabilidade como
mães que entendem que seu primeiro ministério e carreira é para ser exercido
dentro do lar. Criar os filhos é por um tempo determinado - tem começo, meio e
fim. E os anos que se passam não voltam mais. Depois de criados, quando os
filhos deixam de ser crianças e chegam à vida adulta, seu poder de influência
diminuirá e eles viverão suas próprias vidas.
Aceitar o desafio de ter filhos
e de educá-los conforme os princípios da Palavra de Deus é uma questão de FÉ
porque transcende as condições financeiras do casal. Eu imagino que um dos
motivos pelos quais casais parem depois do primeiro filho, ou do segundo, ou
mesmo nem querem ter filho algum, é não estarem dispostos a abrir mão do
conforto material e padrão de vida que alcançaram a sós. Parecem não acreditar
no que diz Salmo 127:3 que promete que "os filhos são herança do Senhor,
uma recompensa que ele dá". Esse conceito eu ouvi recentemente do pastor
de minha igreja e de sua esposa que disseram: "Ultimamente ter filhos é a
única bênção que Deus promete dar e que muitos cristãos não querem
receber".
Meu marido e eu já sentimos bem
esta pressão. Desde o namoro e primeiros anos de casamento sentíamos o desejo
de formar uma família grande, com quatro filhos. E toda vez que
compartilhávamos essa vontade com alguma pessoa, a piada invariavelmente era
algo do tipo: "O quê, vocês são loucos?! Ter tudo isso de filho na época
em que vivemos?" ou então "Ah, tá bom... quero só ver. Depois que
vocês tiverem o primeiro, a gente volta a conversar". Como casei bem nova
(aos 20 anos), me dei ao luxo de esperar bastante antes de começar a ter
filhos. Então, aos 27 anos, nasceu a Nicole. E apesar da gestação difícil (9
meses de enjoos e mal-estar) permanecemos firmes no propósito e chamado que
acreditávamos que era de Deus, planejando assim a segunda gravidez para logo
depois que nossa primogênita completou um ano.
A gestação da Alícia foi
igualmente difícil - nove longos e torturantes meses que resultou num parto
natural traumatizante. Pra falar a verdade, é algo que eu e nem o meu esposo
gostamos de nos lembrar! A diferença foi que da segunda vez, além de ter de
aguentar o mal-estar constante (com direito a vômito, azia, fortes dores
lombares e hipertensão gestacional), eu ainda tinha uma pequena para cuidar.
Foi duro e esta segunda experiência nos fez fraquejar. Depois do nascimento da
Alícia, não foram poucas as vezes que meu marido falou de fazer vasectomia para
não corrermos qualquer risco de engravidarmos novamente. Ter mais um filho e
passar por tudo aquilo novamente (agora com duas pequenas) para ele era algo
impensável. E pra mim também. Mas eu pensava: E o nosso sonho de ter quatro
filhos? Iríamos simplesmente abrir mão dele e dizer a Deus "Não, obrigado, não quero esta bênção.
Pode passá-la para outro"? Ou ainda, o que dizer da missão que Ele nos deu
como casal de formar uma família grande, forte e segundo o coração de Deus -
poderíamos simplesmente abdicar dela?
Ainda não sabemos o que
acontecerá, mas estamos abertos para Deus nos conduzir e mostrar como Ele quer
nos usar para o Seu Reino. Não pensamos em engravidar tão cedo, mas estamos
abertos à adoção e, como li num blog de uma mãe adotiva, à "gestação
cardíaca" (amei este conceito). Quem sabe Deus nos dê dois irmãozinhos
para cuidar daqui a alguns anos? Não sei, é apenas especulação no momento, até
porque não temos condição financeira para isso! Ainda mais que pelos próximos
18 a 24 meses eu abri mão do meu trabalho (que corresponde a 50% da nossa atual
renda) para poder voltar a estudar e concluir minha faculdade - uma questão de
honra! Foi uma decisão difícil, mas acredito que necessária. Não poderia tentar
fazer as três coisas e acabar sacrificando o tempo que dedico às meninas, ainda
mais nesta fase em que elas estão (Nicole - 3 anos, Alícia - 1 ano). Sei que
independente do caminho pelo qual Deus escolher nos conduzir, Ele irá prover
com todo o necessário para realizarmos a missão que Ele colocar em nosso
coração - tanto o querer quanto o realizar (Filipenses 2:13).
O curioso é que este conceito de
que ter filhos é uma questão de FÉ vai ao encontro do que um dos especialistas
do documentário afirma. Em sua opinião, o "inverno demográfico"
provavelmente não leve a população humana à extinção porque, de fato, ainda há
muitas crianças nascendo. Porém, ele diz, esse número de crianças que nascem é
desproporcionalmente maior entre pessoas de fé. Na análise dele (um acadêmico
não-religioso, que fique bem claro), isso é verdade seja entre judeus
ortodoxos, cristãos fundamentalistas ou muçulmanos fundamentalistas porque em
todo o mundo o que se vê é que essas pessoas têm famílias maiores do que seus
pares não-religiosos!
Percebe como ter ou não filhos é uma questão muito
mais profunda?!
Por Talita (www.maternidadeproativa.blogspot.com)